Um ano de pandemia: como está a sua saúde mental?
De acordo com a psicóloga, a ansiedade deve ser discutida de maneira individual, uma vez que cada pessoa tem uma experiência diferente
O Brasil teve o seu 1° caso do
novo coronavírus anunciado pelo Ministério da Saúde em 26 de fevereiro de 2020.
No dia 11 de março do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou
oficialmente que havia uma pandemia no mundo. Ainda em março, os estados
brasileiros adotaram várias medidas de combate a Covid-19, entre elas, o
isolamento social e o fechamento do comércio. Durante esse período, 12.983.560 brasileiros
já tiveram ou têm o novo coronavírus (dados do consórcio de veículos de imprensa
do dia 04 de abril).
Com um ano de pandemia, a
pergunta que faço é: você já fez um balanço da sua saúde mental nos últimos
tempos? Segundo a psicóloga Camila Alves Isaac, é relevante compreender que a
ansiedade é importante para impulsionar as pessoas nos seus afazeres cotidianos,
como estudo e trabalho, mas é preciso ficar atento ao excesso. “Se a gente for
pensar que até a água em demasia, pode afetar nossa saúde, a ansiedade, quando
nesta mesma condição de excesso, pode nos fazer mal também, podendo provocar
sudorese, taquicardia e dores de cabeça, por exemplo”, explica.
De acordo com a psicóloga, a
ansiedade deve ser discutida de maneira individual, uma vez que cada pessoa tem
uma experiência diferente. “Devemos nos perguntar a frequência, intensidade e
os contextos que nos despertam ansiedade para compreender melhor a origem e, quando
essa ansiedade passa a impedir a gente de executar tarefas importantes ou até
mesmo atividades que costumávamos gostar de fazer, é importante procurarmos ajuda
profissional”, ressalta Camila.
Uma pesquisa feita pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos meses de maio, junho e
julho, de 2020, revela que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa
na pandemia do novo coronavírus. A mudança brusca de rotina na vida pessoal e no
trabalho, o risco da contaminação, o medo da doença, e a redução significativa
de postos de trabalho são alguns dos fatores que colaboram para a ansiedade da
população.
Segundo a psicóloga Camila Alves
Isaac, mesmo diante de tantas incertezas e dúvidas, é possível lidar com a
ansiedade. “Felizmente vivemos na era da comunicação, o que pode aproximar a
gente uns dos outros, mesmo por uma tela de celular ou computador. Manter
contato com as pessoas que a gente ama é um comportamento que devemos exercitar
sempre, sobretudo neste período que estamos isolados, pois são essas pessoas que
falamos sobre nosso cotidiano, angústias, felicidades, dificuldades e
conquistas”, destaca. A profissional explica que falar é preciso, inclusive, sobre
os sentimentos ruins.
Outro ponto muito importante para controlar a ansiedade é a prática de atividades voltadas ao lazer e ao exercício físico. “Nossas atividades de lazer, adaptadas ao isolamento social e recomendações da OMS, precisam mais ainda ser bem quistas por nós, afinal de contas, como você se sente quando pratica algo que gosta? Provavelmente a resposta é “bem”, “feliz”, ou algo do gênero. Reservar esses momentos na nossa rotina é muito importante”, frisa Camila.
Além da comunicação, da busca de
atividades prazerosas e do exercício físico, questionar os pensamentos também contribuiu
no processo de controlar a sua ansiedade. “Ter o controle da situação é algo que
comumente gostamos de ter, e quando a gente imaginou se deparar com uma
pandemia? Pois é, viver uma pandemia nunca esteve sob nosso controle, assim
como várias outras situações. Questionar estes pensamentos é uma parte
importante deste processo: eu preciso de fato pensar sobre isso o tempo todo?”,
analisa a profissional.
Da mesma forma, Camila sugere que
as pessoas devem evitar os pensamentos negativos e exercitar a respiração.
Respire de forma lenta e profunda, posicionando uma mão em seu peito e outra em
seu abdômen; é importante que o foco seja o abdômen e não o peito na hora do
exercício. “E lembre-se, se você estiver
sentindo ansiedade com frequência e intensidade alta, você pode procurar por
ajuda profissional, como por exemplo, psicólogo e psiquiatra”, aconselha.