Ser mãe depois dos 40
Na contramão do relógio biológico, muitas mulheres optam por ter filhos mais tarde
A idade é apenas um número. Uma
mulher de 40 anos hoje muitas vezes está em seu auge: chegou ou está chegando aonde
queria na carreira, conquistou a estabilidade financeira, sabe quem ela
é, do que gosta, e está mais precisa em suas decisões. Inclusive a de ter filhos
nessa fase da vida.
“Realmente é uma tendência da
mulher pensar na gravidez mais tarde. Eu deixei as coisas irem acontecendo. Fiz
graduação, mestrado, logo depois veio o casamento e posterior a isso, vieram os
projetos pessoais e do casal”, conta a educadora Andréia de Lurdes. Ela tem 45
anos e está na vigésima oitava semana da sua primeira gestação.
Segundo dados da Tecnologia da
Informação a Serviço do Sistema Único de Saúde (Data SUS), o número de
gestações entre mulheres de 35 a 39 anos mais do que duplicou entre 1994 e
2016, com um aumento de 103%. Dos 40 aos 44, esse crescimento foi de 77%.
“A gravidez era um desejo do
casal, mas não uma obsessão. A idade nos permite fazer escolhas mais
conscientes. Além disso, agora o casal também está mais alinhado e sabe
respeitar a individualidade de cada um. Eu acho que o bebê precisa chegar em um
lar que estejamos mais firmes, com maior maturidade”, ressalta a mamãe de
primeira viagem.
A maturidade emocional é um dos
fatores que influenciam na hora da escolha de ser mãe depois dos 40. De acordo
com a enfermeira e coordenadora do projeto Sesc Cegonha, Lília Garcia, a mulher
nessa idade se sente mais segura e realista sobre o que é ser mãe e como cuidar
de uma criança.
Relógio biológico
A principal preocupação para quem
escolhe a maternidade mais tarde é a dificuldade de engravidar. De acordo com a Lília Garcia, os
avanços na medicina ajudam as mulheres, no entanto, o sistema reprodutor
feminino também envelhece com o avançar da idade, o que pode dificultar a
concretização de uma gravidez.
Um mapeamento realizado em 2010
na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, sugere que a mulher perde 90% dos
óvulos na fase dos 30 anos e que, aos 40, terá apenas 3%. “Também precisamos
destacar que a gravidez tardia aumenta os riscos de desenvolver uma doença
hipertensiva, diabetes e síndrome de Down”, destaca a coordenadora do projeto
Sesc Cegonha.
Ela orienta para todas as mulheres que desejam ser mãe após os 40, fazer uma avaliação médica, além do acompanhamento com o profissional, e ter um estilo de vida saudável. “É sim possível ser mãe depois dos 40 de forma natural e com muita saúde para ela e o bebê. Mas é preciso se cuidar, ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos e estar em dias com seu médico”, explica.
Assista o vídeo completo com as nossas entrevistadas: