Psicóloga fala sobre os prejuízos do uso excessivo de telas para crianças e adultos
Fatores como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares são alguns dos principais resultados dessa exposição excessiva aos computadores, celulares e tablets
Qualquer coisa na vida das
pessoas que seja utilizada em exagero não é recomendada por especialistas de
diversas áreas. O recomendado para uma vida saudável é o equilíbrio em todas as
atividades, seja na alimentação, nos exercícios físicos, vida familiar e nas
relações sociais não seria diferente. O excesso de telas na vida das pessoas é
um dos desequilíbrios identificados nos dias atuais. Ele tem afetado o
desenvolvimento emocional, social e profissional.
Conforme a pesquisa Vigitel
Brasil, publicada em abril de 2022 pelo Ministério da Saúde, 66% da população
adulta passa, no mínimo, três horas do tempo livre por dia em frente à
televisão, computador, celular ou tablets. Já os jovens que tem entre 18 e 24
anos são os que passam mais tempo em frente às telas, totalizando um percentual
de 86% nessa faixa etária.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP),
o tempo recomendado em frente à tela é de no máximo uma hora para crianças
pequenas. Mas sabemos que esse tempo é facilmente ultrapassado. Para a
psicologia, o uso excessivo de telas antes da pandemia já era uma
preocupação e isso se intensificou com a pandemia porque está sendo algo cada
vez mais precoce.
A pandemia trouxe a necessidade da participação de crianças em
aulas virtuais, o que já aumentou a exposição às telas. Outro fator contribuinte para essa condição foi
o isolamento social que pedia que as pessoas evitassem contato presencial e
aumentassem o on-line.
A psicóloga e instrutora do Senac Goiás, Cléia Carolina Queiroz
de Souza, explica que vários estudos já comprovaram o quanto isso tem
prejudicado a vida social e a saúde mental das crianças e adultos. “O isolamento
social fez com que todas as nossas atividades migrassem para o mundo virtual,
as aulas online, o home office, o que fez com que perdêssemos os limites diante
das telas. O prejuízo dessa exposição tem afetado as várias fases da vida, com
aumento da ansiedade, depressão e transtornos alimentares”, ressaltou.
Para ela, a maior preocupação para os profissionais
da saúde mental é com a infância e a adolescência. “Nessa faixa etária, eles
não conseguem sozinhos diferenciar o mundo real do mundo virtual, o que acaba dificultando
a sociabilização, aumentando a ansiedade, criando dificuldades de aprendizado,
aumentando o isolamento e muito outros problemas”, acrescentou.
Ela também falou sobre os resultados
dessa exposição na vida adulta. “Nessa fase, a manifestação acontece com muitos
fatores como a irritabilidade, insônia, aumento de peso, o que vai afetando as
relações interpessoais e, com o tempo, pode levar a uma depressão severa”, alertou.
Segundo a psicóloga, é preciso
estabelecer uma rotina, para dar segurança às crianças, estimular o convívio social
com amigos, família, comunidade, igreja, entre outros, além estimular a prática
de esportes. “Quando organizamos o ambiente, a ansiedade dessa fase diminui”, pontuou.
A profissional ainda deu dicas sobre
como os adultos podem organizar uma rotina. “É preciso estabelecer os pilares
da saúde mental a serem cuidados, praticar atividades física e determinar de
limites do uso das telas, evitando o excesso do uso do celular e das redes
sociais”, reiterou.
A recomendação da instrutora do Senac, Cleia Carolina, é a procura de ajuda profissional em casos que a pessoa não consiga se organizar sozinha. “Em muitas situações, é importante buscar um profissional para orientar o desenvolvimento de uma rotina, a criação de limites e melhores resultados para enxergar a situação da maneira adequada e estabelecer mudanças no pensamento e nas atitudes”, concluiu.