Hoje, 07 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Saúde. É
desnecessário mencionar a importância atual da data diante da pandemia da
Covid-19, que se abate sobre o planeta e já tem provocado um rol de transformações
em escala global, cuja natureza determinará novas formas de organização em
todos os níveis da vida humana neste século.
Por isso, uma data tão significativa deve incitar em todos
uma reflexão mais profunda, não apenas a respeito dos aspectos mais desafiadores
da atual pandemia do jogo coronavírus, mas do sistema brasileiro de saúde em
geral.
Tal reflexão se faz não somente necessária, mas urgente, uma
vez que o coronavírus representa apenas mais um desafio dos vários que o país
tem de enfrentar, sob a forma de outras
doenças que também exibem perfil epidêmico em terras brasileiras.
De acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde
relativos ao ano de 2019, o Brasil registrou 73.864 casos de tuberculose no ano
passado. No mesmo período, 289 mil pessoas morreram vítimas de doenças
cardiovasculares, que continuam a ser a principal causa de óbito por causas
naturais no país. Mais de 63,6 mil pessoas foram acometidas pela malária apenas
no estado do Amazonas em 2019. Também nesse ano, o número de casos de H1N1
ultrapassou 34,4 mil casos.
Para além do problema urgente da ameaça que o coronavírus
projeta sobre o sistema de saúde, sobretudo, em sua esfera estadual (o que
justifica as medidas adotadas pelos governadores), há que se pensar o sistema de
saúde pública do Brasil como um todo, inclusive em sua dimensão econômica de
maneira mais geral e, de forma mais específica, no que diz respeito à política
industrial para o setor.
Urge reduzir a dependência brasileira de dois gargalos: a
necessidade de importação de equipamentos hospitalares e de princípios ativos
na fabricação de medicamentos, sobretudo, para tratamento das doenças acima
elencadas, as quais aparecem como verdadeiro flagelo para a saúde coletiva e,
sobretudo, para os mais pobres.
Nesse sentido, é necessário que se promova um forte
incentivo à pesquisa no âmbito das universidades. Junto a essas ações, é
premente a abertura de polos farmoquímicos como aquele existente em Anápolis.
Dessa forma, criar-se-ia no Brasil uma formidável frente de geração de emprego
e renda, além de tornar o país mais imune aos humores do lucrativo mercado
internacional de medicamentos e equipamentos hospitalares, do qual o país
poderia participar já não mais como importador líquido, mas player competitivo
e com alto poder de barganha.
É da velha e sábia China, primeira nação afetada pelo novo
coronavírus e primeiro país a superá-lo com êxito, o ditado segundo o qual uma
crise traz, implícita em seu bojo, uma oportunidade. É hora de o Brasil, uma
vez superada a pandemia da Covid-19, refletir sobre suas inegáveis
oportunidades no contexto de recuperação econômica que o mundo pós-pandemia
reservará.
Leopoldo Veiga Jardim - Diretor regional do Sesc / Senac.