O Momento Sesc Saber desta semana segue falando da campanha Outubro Rosa. Este ano, a sociedade médica trabalha não só a conscientização sobre o câncer de mama, mas também do câncer do colo do útero.

Você sabia que o exame que detecta o câncer do colo do útero, o famoso Papanicolau, é um dos poucos da medicina com esse poder de prevenção?

A ginecologista e obstetra Julianna Rizzo conversou com nossa equipe sobre isso e trouxe muita informação importante para você. Confira!

O que é câncer do colo do útero? 

O câncer do colo do útero é uma neoplasia maligna, ou seja, uma doença maligna que pode levar à morte, e acomete a região mais próxima da vagina e do útero, chamada colo do útero. É um pouco diferente do câncer do útero e de endométrio, que têm outras origens e outros fatores de risco.

No Brasil, o câncer do colo do útero é muito frequente. Existe uma estimativa do INCA, Instituto Nacional do Câncer, de que nós vamos ter mais de 16 mil novos diagnósticos só em 2020. O último senso de número de mortalidade (2018) vitimou mais de 6,5 mil mulheres que morreram no Brasil em decorrência desse câncer. 

Como identificar o câncer do colo do útero?

Essa é uma doença silenciosa nos estágios iniciais. Não existe um sintoma para identificar no começo. A excelente notícia é que essa é uma das poucas doenças malignas que podem ser prevenidas através do exame de prevenção. Por isso, quando o câncer do colo do útero chega a dar sintomas pode ocorrer sangramento vaginal inexplicável, pode ter um cheiro característico, sangramento depois da relação sexual, mas para que chegue neste estágio de doença avançada é importante que a gente faça o exame de prevenção com regularidade porque ele é capaz de diagnosticar as lesões antes que elas tornem-se um câncer. Olha que oportunidade! O exame de prevenção, o Papanicolau, diagnostica células que podem vir a ser células cancerígenas no futuro. Quando eu acho lesões nesse estágio pré-câncer eu já faço o tratamento e evito que a mulher desenvolva uma neoplasia que pode levar à morte dali há alguns anos. 

Como prevenir?

Todas as mulheres que têm vida sexual ativa, a partir de 1 ano depois do início da vida sexual, deve visitar o seu ginecologista e colher o exame de prevenção, preferencialmente uma vez por ano.

Quais os fatores de risco?

Ao contrário da grande maioria dos cânceres, o câncer do colo do útero não tem uma pré-disposição familiar. Para que desenvolvamos esse câncer, necessariamente eu já tenho que ter tido contato com o vírus HPV previamente. Esse vírus é majoritariamente de transmissão sexual. Se eu iniciei minha vida sexual muito cedo, se eu tive múltiplos parceiros, tudo isso se torna um fator de risco. O tabagismo também é um fator de risco. Nas mulheres que fumam e nas que fumam em grande quantidade esse câncer é mais frequente e ele costuma se apresentar em formas mais graves. 

É muito importante quando a gente vai falar de câncer do colo do útero dar essa ênfase da presença do vírus HPV. Hoje em dia temos vacinas incluídas no calendário vacinal no Ministério da Saúde que nos confere imunidade sobre boa parte desses vírus HPV. A família de vírus HPV é muito grande, mas a vacina disponível hoje protege contra os dois principais tipos de vírus que causam o câncer e contra os dois principais tipos de vírus que causam aquelas verrugas genitais, porque o HPV também é responsável pelo aparecimento daquelas verrugas. 

Então se eu tomo a vacina, eu tenho imunidade contra quatro tipos de vírus e isso estatisticamente me protege contra 70% de todos os cânceres e 90% de todas as verrugas.  Se você, mulher, já iniciou a sua vida sexual é importante que você colha sua prevenção uma vez ao ano e isso vale para todas as mulheres, tanto as de relações heterossexuais quanto as homo afetivas. 

Poucos exames na medicina têm esse poder de prevenção. O exame de Papanicolau, essa citologia do colo do útero, o exame da prevenção, consegue diagnosticar células em estágios pré-câncer. O câncer, antes de se tornar um câncer, passa por estágios pré-câncer. Se eu descubro uma lesão nesse estágio, faço o tratamento de retirada da lesão como quem tira uma casca de machucado e evito desenvolver uma neoplasia no futuro. E é por isso que precisamos aproveitar essa oportunidade para falar da importância de estar sempre em dia com os seus exames ginecológicos. 

Após o diagnóstico, como se dá o tratamento? 

O tratamento depende do estágio do câncer. Poucos estágios são operáveis. As chances de cura são bem maiores com quimioterapia e radioterapia. É um câncer que tem um bom índice de sobrevida, ele não é um diagnóstico de morte, tem tratamento, pode ser cirúrgico, mas é na minoria dos casos, mas na maioria dos casos envolve quimioterapia e radioterapia. 

O legal é descobrir antes de virar câncer para não ter que chegar nessas fases de tratamento. 

Se cuide!

Se cuidar é a melhor forma de se evitar o câncer. Se você está dentro da faixa etária do calendário vacinal – crianças de 9 a 11 anos –, vacine-se, vacine as suas filhas e esteja sempre em contato com o serviço de saúde colhendo a sua prevenção para não ser pega de surpresa futuramente. 

Se você já está em tratamento contra o câncer, não abandone o tratamento. É um tratamento com muitas chances de cura e juntas nós podemos vencer essa doença!

Momento Sesc Saber

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