Automedicação de psicoativos acarretam danos para a saúde mental
Em comemoração ao Setembro Amarelo, psicóloga e enfermeiro do Senac explicam os perigos que o uso indevido de medicações tarja preta causam à saúde
A automedicação tem se tornado muito comum entre os brasileiros, desde medicamentos para dores até remédios para classificados como psicotrópicos, que são usados em tratamento de doenças mentais como o transtorno bipolar, ansiedade, esquizofrenia, depressão, entre outros. O termo psicotrópico é formado pela junção das palavras psyché, que quer dizer mente, e tropos, que significa atração.
Esses medicamentos também são chamados de psicofármacos ou fármacos psicoativos. O objetivo deles é agir de forma positiva e programada, nos processos mentais, nas percepções, nas emoções e nos comportamentos, minimizando distúrbios e condições patológicas. Porém, o grande problema que isso pode acarretar são os efeitos colaterais, quando utilizados de maneira incorreta.
Muitas pessoas por receio ou preconceito de irem ao psiquiatra estão cada vez mais buscando informações falsas sobre a indicação de medicamentos tarja preta e os usando de maneira indevida. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil são vendidas 123 mil caixas de remédios tarja preta por dia. Isso demonstra a alta taxa do consumo desses medicamentos no País.
Mas a preocupação com o uso excessivo desses medicamentos vai além da saúde física já que que eles podem comprometer a saúde mental de maneira grave. De acordo com matéria publicada na revista Galileu, “um estudo realizado com idosos no Reino Unido concluiu que o uso prolongado de medicamentos anticolinérgicos, tipo de medicamento usados no controle de espasmos e outros movimentos musculares involuntários, o que inclui remédios contra depressão, epilepsia e Parkinson, podem influenciar casos de demência”.
Os danos que um remédio pode oferecer aos pacientes são classificados visualmente pelas tarjas. A cor preta indica que o medicamento é capaz de acarretar sérios riscos à saúde, incluindo dependência física e psíquica, sem contar a tolerância. Esses medicamentos agem no sistema nervoso central e causam efeito sedativo.
De acordo com a psicóloga do Sesc e Senac, Débora Simão, os medicamentos psicotrópicos atuam diretamente no sistema nervoso central e podem causar dependência. “Se não usados conforme a indicação médica e o tratamento adequado, esses medicamentos podem causar sérios danos à saúde”, reforça.
Ela explica que esses remédios provocam alterações no humor, no sono e na cognição, já que dificultam a concentração e agem na vida da pessoa como um todo. “Por isso é importante seguir o tratamento específico pra cada ser e não buscar informações errôneas na internet ou de familiares e amigos”, alerta.
De acordo com o enfermeiro e instrutor do Senac Goiás, Vitor Hugo Pereira, “o abuso desses medicamentos pode causar sonolência, visão dupla, fala arrastada, tremores e boca seca. A longo prazo eles prejudicam a atividade psicomotora podendo causar alterações na memória e também a demência”, adverte.
Ele ainda explica que o indivíduo, acostumado a usar a medicação sem a indicação médica, no momento da falta do remédio pode sofrer com a abstinência, fazendo com que ele busque outras substâncias similares, trazendo sério agravo à saúde.
O enfermeiro aconselha que a procura de um profissional da saúde habilitado para receitar os medicamentos é indispensável ao menor sintoma de doenças como a ansiedade, depressão, pânico. “A prevenção é o melhor caminho”, ressalta.
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