Ansiedade Social: o distúrbio do mundo pós-pandêmico
Psicóloga afirma que cenário de pandemia fez aumentar número de casos; conheça os sintomas característicos da doença
A fobia social ou ansiedade social é um dos distúrbios
sociais que mais prevalece hoje no mundo pós-pandêmico. Você sabe o que é
ansiedade social e quais os sintomas? A instrutora do Senac Goiás e psicóloga
cognitivo comportamental Cleia Carolina Queiroz de Souza explica que o
transtorno se caracteriza por um medo exagerado de se expor às observações
atentas de outras pessoas.
De acordo com ela, o cenário de pandemia é um dos
responsáveis pela aceleração do distúrbio. “Precisamos lembrar que vivemos num
momento em que as pessoas estavam reclusas em casa e que o nível de ansiedade
aumentou porque tivemos várias perdas, vivemos o luto coletivo, muitas pessoas
perderam entes queridos, teve desemprego e medo da Covid-19. Tivemos vários
fatores para aumentar o nível de ansiedade das pessoas”, explica Cleia.
A especialista destaca que pessoas que já apresentavam o
medo de sociabilizar antes da pandemia perderam muito mais em relação às
outras. “Elas ficaram muito mais em casa, com poucos contatos e, sem dúvida alguma,
isso causou uma piora e por isso tem tanta ascensão desse distúrbio mental
atualmente”, ressalta a psicóloga.
Sintomas
Para explicar o que é a ansiedade social Cleia faz um
comparativo entre a timidez normal e a timidez patológica. “O que é uma pessoa
tímida? É aquela que tem uma certa dificuldade de ir à frente em uma palestra
ou em uma entrevista de emprego, mas ela consegue ir. É muito comum em crianças
que ficam tímidas ao chegar perto de um adulto ou de uma pessoa nova para ela.
Um adolescente tem uma timidez normal porque está em formação de personalidade,
então ele sabe que naquele momento pode haver um julgamento”, exemplifica.
No entanto, afirma Cleia, na timidez normal, passado o
momento decisivo da exposição, da apresentação ou da entrevista de emprego, a
ansiedade e a timidez somem. “A diferença é que na ansiedade social esses
sintomas são bem agravados. A pessoa quando vai fazer, por exemplo, a
apresentação de um trabalho escolar, ela não sofre só na hora ou horas antes,
ela passa uma semana sofrendo, tem náuseas, não dorme, não consegue pensar em
outra coisa que não seja a apresentação”, destaca.
Além disso, segundo a psicóloga, a pessoa com fobia social
tem pensamentos negativos, acreditando que não vai conseguir. “Esses
pensamentos fazem com que ela tenha uma evitação social, ela passa a não ir. Se
for uma entrevista de emprego, ela não vai, se for uma festa, ela não vai, ela
não consegue pedir um lápis emprestado, ela faz uma evitação”, pontua.
Sendo assim, o critério para identificar a fobia social é a
intensidade desses sintomas e por quanto tempo eles estão presentes. Via de
regra, se os sintomas ultrapassam seis meses, a ansiedade social está
instalada. De todo modo, o diagnóstico deve ser feito por um profissional
habilitado que vai orientar e encaminhar para o tratamento adequado, levando em
consideração o grau da ansiedade social. O tratamento pode se dar por terapia
mais o uso de medicamentos ou somente a terapia.
De acordo com a psicóloga, a teoria cognitivo-comportamental
é a mais indicada para tratar o transtorno. “É através da terapia que nós
alcançamos o autoconhecimento e você vai conseguir mudar seus pensamentos.
Quando eu mudo os pensamentos, eu mudo as emoções e mudo o meu comportamento. E
assim você consegue o controle dessa ansiedade social”, explica Cleia.