Na tarde da última quinta-feira, foi encerrada a primeira edição do projeto experimental "Colônia Azul", realizado pelo Sesc Universitário. O evento foi voltado para a integração de crianças autistas, que vivenciaram na companhia de seus responsáveis, de três dias de integração, troca de saberes, aprendizados, descobertas e muita diversão. O serviço foi oferecido gratuitamente à comunidade. 

Idealizador da iniciativa, o responsável técnico de recreação da unidade, Dione Rezende, comentou como se deu o processo de desenvolvimento da proposta inclusiva que veio a partir do pedido de uma mãe que já levava seus dois filhos autistas para participarem do Sesc Mais Lazer. “Conversei com essa mãe sobre a condição do autismo em um dos eventos e fui vendo que era um público que estava muito ativo em Goiânia, buscando direitos, engajados na luta de políticas públicas. E aí ela me deu essa sugestão de fazer algo voltado para essas crianças no período de férias, eu achei super interessante e disse a ela que faríamos uma colônia de férias especial para eles. Acabei descobrindo que essa mãe fazia parte da Associação dos Familiares e Amigos do Autista de Goiás (AFAAG). Daí fizemos uma reunião juntos, conversamos, discutimos parâmetros e deu super certo”, contou.

De acordo com Dione, toda a equipe de recreadores se empenhou em estudar mais sobre o autismo em seus diferentes graus, para que se sentissem mais preparados em receber as crianças. Para ele, o resultado foi além do esperado. “Foi muito gratificante, satisfatório. A unidade inteira ficou envolvida e comovida com as histórias que passaram por aqui. Essas crianças existem, esses pais existem e a necessidade de fazer lazer para eles existe muito mais. Isso me comoveu mais ainda”, declarou. 

Visando tornar o momento mais aconchegante, cada criança inscrita pôde levar até dois acompanhantes. Para propiciar uma alimentação nutritiva nos momentos de intervalo, foi montado um cardápio especial na cantina, totalmente adaptado por nutricionista. A programação contou ainda com a participação dos voluntários do Cosplay Classe A, que levou a criançada para o mundo da fantasia com a oficina "Somos grandes heróis". Também teve contação de histórias na biblioteca com direito a kits presenteáveis para os pequenos. A Colônia Azul teve como parceira a AFAAG.

Transformações positivas

Para a dona de casa Edjane Aparecida Barbosa de 40 anos, a Colônia Azul foi um marco importante tanto para sua vida, quanto do pequeno Jorge Luis Barbosa, de 8 anos. Moradora de Aparecida de Goiânia, ela disse que o filho recebeu o laudo constatando o autismo no início deste ano. “Eu já sou mãe de quatro, mas sendo mãe de autista eu estou igual mãe de primeira viagem. Aqui eu conheci outras mães, trocamos experiências, aprendi muitas coisas com elas. Muitos direitos que eu não sabia que ele tinha e que agora vou correr atrás. Foi ótimo pra mim e pra ele, vi que o Jorge está menos estressado. Isso aqui tá sendo o melhor passeio do mundo para ele, porque passeio dele normalmente é só médico, médico. Foi o que salvou as férias dele”, revelou. 

O estudante de graduação, Augusto Júnior Oliveira de 23 anos, se inscreveu para ser voluntário durante os três dias de evento. Prestes a se formar em educação física, o jovem relatou que a experiência foi extremamente agregadora. “Muito interessante poder trabalhar com este público. Na faculdade eu já vi muita teoria sobre, mas precisava da prática. É outra coisa, muito além. Para vida pessoal o que eu vou levar daqui é mais valor à vida. Um valor enorme” concluiu.