Ler é mergulhar em um mar de conhecimento. E para além disso, a leitura também é um estímulo para as crianças, uma espécie de brinquedo formado por letras, que não só divertem, mas também ajuda a desenvolver as capacidades cognitivas e intelectuais, sendo capaz de transformar vidas quando incluída no cotidiano dos pequenos. Foi por meio do acervo das bibliotecas do Sesc Centro, em Goiânia, que a assistente de departamento pessoal Nilma Soares dos Santos encontrou uma forma de incrementar a leitura na vida da filha, Elisa Moreira Santos, de 7 anos. 

Por trabalhar nas proximidades da unidade, ela começou, há cerca de três anos, a ir até a biblioteca da instituição para pegar alguns livros infantis, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento da pequena. O que inicialmente era um teste, tornou-se a peça-chave responsável pela alfabetização da criança. “Trabalho ao lado do Sesc, então sempre pego livros, já tem uns três anos. Comecei a pegar livros para tentar alfabetizar a Elisa, ensinar o alfabeto, posteriormente a ler e também para que ela crie o hábito da leitura. Ou seja, que ela venha a ler por gostar e não por obrigação. Foi através dos livros do Sesc que ensinei para a Elisa o alfabeto e também a ler”, destacou.

Nilma ainda reflete que a prática da leitura também ajudou Elisa na transição do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) para uma escola particular. “Ela ficava no CMEI e, no ano passado, começou a estudar. Acredito que foi graças à leitura dos livros que ela conseguiu acompanhar a turma da escola, porque, como ela está em uma escola particular, praticamente todas as crianças já tinham feito o jardim e só ela e mais dois alunos da turma estavam no primeiro ano de estudo. A professora do ano passado disse, no início, que ela teria dificuldade por estar atrás dos demais alunos, mas, como eu já vinha ensinando, com esforço, conseguiu acompanhar a turma”, complementa.

O hábito agora se tornou uma prática rotineira na vida da pequena que, quase todas as noites, pede para que a mãe a acompanhe na leitura. De acordo com Nilma, há dias em que, mesmo após o término tardio das tarefas da escola da filha, Elisa insiste para que a mãe se junte a ela para ler. “Terminamos muito tarde de fazer as tarefas da escola, porque trabalho o dia todo e só tenho tempo de fazê-las à noite com ela. Acabo não querendo ler um livro, mas, quando vejo, ela já está sentada na cama com o livro na mão para ler, porque, para ela, depois de escovar os dentes, tem que ler um livro antes de dormir.” A ação serviu de incentivo até para que Nilma começasse a estimular o outro filho, Alan Moreira Santos, de apenas 1 ano e 6 meses, que, por enquanto, só sabe “amassar ou rasgar” os livros.

Desenvolvimento intelectual

A bibliotecária do Sesc Centro, Ana Maria Nogueira Pinto, ressalta a importância de incorporar a prática da leitura ainda na infância. “A prática e o hábito da leitura, em qualquer idade, são muito importantes, mas os pais que fazem desse hábito algo constante, fazem a leitura se tornar um fator essencial para o desenvolvimento intelectual da criança e para os sonhos. Quando a criança lê uma história, ela começa a formar, dentro do seu caráter, alguns sonhos. Elas produzem, a partir da literatura que estão lendo, algo que vão levar para a vida delas”, destaca.

Assim como ensinar ações cotidianas, como escovar os dentes, Ana reflete que os pais devem também incluir livros infantis no dia a dia dos filhos, uma vez que a ação ajuda no desenvolvimento da atenção, concentração, memória, raciocínio, imaginação, criatividade e no desenvolvimento socioemocional. “A gente incentiva a leitura por meio das nossas ações de contação de histórias. Quando eu conto uma história, incentivo aquela criança a pegar um livro. É muito importante esse espaço que temos dentro do Sesc para a literatura infantil, onde as crianças podem desenvolver seu caráter e sua formação intelectual. Sempre incentivo os pais a pegarem livros para as crianças quando elas são bem pequenas. À medida que a idade avança, elas mesmas vão escolhendo os livros que querem e criando seu próprio acervo, além de indicarem leituras”, afirma.

Quem também é um frequentador assíduo das bibliotecas do Sesc Goiás e não perde a chance de garantir um livro no local é Ernando Correia Rocha, de 12 anos. Um dos livros que conquistou o coração do adolescente foi Passarinha, que, inclusive, está sendo lido por ele no momento. “Ele [livro] reflete sobre uma menina que tem autismo e síndrome de Asperger. No livro, ela sofre um trauma e passa a história procurando um desfecho. Eu recomendo porque é um livro muito profundo, que nos ajuda a entender os sentimentos que a garota sente e os nossos próprios”, diz.

Para a pequena Isabelle Barbosa, de 11 anos, a leitura tornou-se um hábito na vida, algo que carrega com carinho e atenção. “O meu primeiro livro infantil favorito é Pedro vira porco-espinho. Ele é muito engraçado, e eu aprendi várias coisas com ele. Atualmente, os meus livros preferidos são As Mais, Uma bolota molenga e feliz e Ninguém vira adulto de verdade, de Sarah Andersen. [...] Ler é viajar sem sair do lugar, e quem lê bem, o conhecimento vem”, reflete.

Marcelo Baiocchi, presidente do Sistema Fecomércio, Sesc e Senac, e vice-presidente Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que é presidida por José Roberto Tadros, reforça que “as bibliotecas do Sesc Goiás possuem um acervo superior a 170 mil obras, além de contarem com espaços de convivência abertos ao público, atividades lúdicas, ambientes para crianças, sala de estudo e empréstimo de livros”. 

O diretor regional do Sesc e Senac Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, ressalta que “todas as unidades localizadas em Goiânia, Anápolis, Itumbiara e Jataí estão de portas e ideias abertas a fim de promover a disseminação e a circulação do acervo como forma de incentivo à leitura e multiplicação dos saberes, apoio a pesquisas e democratização do acesso à cultura”. 

Em Goiás, as bibliotecas do Sesc em Goiânia estão localizadas no Centro, Faiçalville, Campinas, Escola de idiomas no Jardim América, Sesc Cidadania e Universitário. Além disso, há também espaços em Jataí, Itumbiara e Anápolis.