Notícias

Na contramão do mercado, mulheres são maioria no Sesc e Senac Goiás

Mais de 60% do quadro é feminino nas duas casas. IBGE aponta que elas representam minoria da força de trabalho


Uma pesquisa divulgada na última quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que pelo 5º ano consecutivo a presença das mulheres no mercado de trabalho aumentou. O levantamento foi feito em 2019, quando a taxa de participação das mulheres na força de trabalho foi 54,5%. Entre os homens, a taxa chegou a 73,7%, uma diferença de 19,2 pontos percentuais. 

No Sesc e Senac Goiás, no entanto, a realidade é diferente. De um total de 1372 funcionários no Sesc, 882 são do sexo feminino (64,29%). Já no Senac, dos 701 empregados, 420 são mulheres (59,1%). Se somadas, as mulheres das duas casas representam 62,81% do quadro de pessoal.

“Esse aumento é identificado em todo o mercado de trabalho ao longo das décadas. A gente atribui isso à busca das mulheres. Os nossos processos seletivos têm um índice alto de candidatas que se interessam pelas vagas e, consequentemente, temos uma aprovação maior de mulheres”, explica a gerente de Gestão de Pessoas do Sesc e Senac Goiás, Makerley Ferreira.

A pesquisa do IBGE mostrou também que as mulheres saem na frente quando o assunto é profissionalização. Em 2019, 19,4% do público feminino tinham nível superior, enquanto os homens representavam 15,1%. E, pasme, apesar de mais instruídas, as mulheres estavam presentes em apenas 37,4% dos cargos gerenciais 

Aos 40 anos, Sabrina Caetano está à frente da unidade Sesc Universitário, em Goiânia. Na empresa há 11 anos, ela começou atuando como dentista (sua área de formação) e com o tempo foi subindo de cargo até chegar à gerência.

“Durante essa trajetória, fiz cursos e especializações na minha área como dentista e com o tempo, à medida em que fui subindo para cargos que exigiam liderança e gestão, eu fui me especializando. O mais desafiador foi liderar pessoas, por isso eu busquei aprender sobre liderança para que eu pudesse me fortalecer no cargo de gerente”, compartilha Sabrina.

Desafios

A gerente Makerley Ferreira, que é psicóloga e especialista em Gestão Organizacional e Liderança, afirma que quanto o assunto é carreira, ainda hoje um dos maiores desafios para as mulheres se refere à igualdade no sentido de condições de competir igualmente, de acordo com as competências e os resultados, e não por ser mulher. 

Outro desafio, segundo ela, é o equilíbrio entre papéis. “Em geral, as mulheres assumem papéis que são diferentes e isso implica maiores desafios como, por exemplo, o papel de cuidador da família ou o papel na maternidade”, pontua Makerley. 

Por falar em maternidade, essa ainda é uma das situações que mais impacta a carreira das mulheres. De acordo com os números do IBGE, o nível de ocupação das mães de crianças com até 3 anos de idade foi de 54,6% e o dos homens foi de 89,2%.

No Senac há 17 anos, a chefe da Contabilidade, Antônia Dulcelene, se viu frente a este dilema quando se tornou mãe, há quase 10 anos. “Confesso que quase desisti, deu vontade de parar e ficar só cuidando do meu filho, mas graças a Deus eu tenho uma mãe e um marido que me apoiaram bastante e cuidam do meu filho até hoje”, revela.

Valorização

Empresas que buscam a valorização das mulheres podem ser mais igualitárias promovendo um ambiente de trabalho em que as competências e os resultados sejam valorizados de forma semelhante, sem a conotação do gênero. Outro ponto importante é a implementação de políticas referentes a assédios para que não apenas as mulheres, mas que para que todos se sintam seguros. 

Para o diretor do Sesc e Sesc e Senac, Leopoldo Veiga Jardim, a presença maciça de mulheres no quadro de funcionários das duas casas atribui às mesmas características peculiares. “As equipes são criativas e inovadoras e muito disse se deve à presença feminina. Além disso, as relações interpessoais também saem ganhando. O clima é extremamente agradável e percebemos a empatia e o afeto, características que também são naturais do universo feminino”, afirma.  

“Hoje, nós temos um ambiente social e cultural propício para que as mulheres possam sonhar com o que elas quiserem, com aquilo que é realização para cada uma. Desejo que todas as mulheres consigam atingir a realização plena de todos os seus potenciais”, diz Makerley Ferreira.