Goiânia Mostra Curtas luta contra crise do cenário audiovisual e recebe inscrições de filmes de todo o Brasil
Festival segue para a sua 19ª edição, buscando recursos por meio de apoio e parcerias para tentar viabilizar atividades
Terminam na quinta-feira, 4, as inscrições para a 19ª
Goiânia Mostra Curtas. Até o momento, mais de 700 filmes, entre ficção,
documentário, animação e experimental, de várias regiões do Brasil já foram
inscritos para o Festival, que acontece de 8 a 13 de outubro, no Teatro
Goiânia, em Goiânia (GO), e tem o Sesc Goiás entre os parceiros.
Há
quase 20 anos, os números comprovam que o esforço e a determinação de manter o
Festival ativo têm alcançado resultados. Desde a primeira edição, em 2001,
1.951 filmes foram exibidos, em uma produção que já envolveu 2.080
profissionais, atingindo um público de 277.800 mil pessoas. A exibição de
filmes chegou ainda aos bairros da capital de Goiás, onde foram realizados 50
eventos. Além disso, já foram contabilizadas 183 atividades, entre oficinas,
painéis, debates e encontros.
Apesar
do quadro preocupante de investimentos para o audiovisual no País, a Goiânia
Mostra Curtas tem conseguido manter sua realização anual. Tudo graças ao apoio
de parceiros que acreditam nessa relevante janela para diretores e produtores e
lutam para que ela não se feche. “Goiânia Mostra Curtas não é diferente de
outros festivais. Ele passa também por dificuldades de se concretizar em sua
plenitude. Temos ainda problemas de orçamento”, pondera a diretora-geral do
Goiânia Mostra Curtas, Maria Abdalla.
O
festival é realizado pelo Icumam Cultural e Instituto, que busca outras
parcerias junto a empresas, instituições e organizações do terceiro setor para
garantir a realização da melhor forma possível. Até o momento, conta com o
patrocínio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Fundo
Setorial do Audiovisual (FSA) e Agência Nacional do Cinema (Ancine), com apoio
da Unimed, Sesi-GO, Sebrae-GO, Fecomércio-GO e Sesc.
Audiovisual luta contra crise
O
cenário do audiovisual no Brasil e no estado não é dos melhores. Sem políticas
públicas de incentivo, recursos e a paralisação das atividades da Agência
Nacional de Cinema (Ancine), as produções brasileiras continuam chegando às
telas do cinema, mas sem muitas perspectivas. A situação se tornou ainda pior
com o fim dos recursos da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento
Social (BNDES). Em Goiás, não é diferente, tanto no âmbito municipal quanto no
estadual.
Os
mecanismos de fomento culturais, de um modo geral, enfrentam dificuldades,
principalmente no que diz respeito à continuidade de políticas públicas e ao
cumprimento de propostas e cronogramas. “Esses entraves têm acontecido em
mecanismos como a Lei de Incentivo à Cultura de Goiânia, a Lei
Goyazes e o Fundo de Cultura de Goiás, entre outros. Com atrasos e prorrogações,
instabilidade, sem seguir leis e cronogramas, não há como garantir a efetiva
continuidade e valorização do trabalho de produtores e artistas para a
sociedade. Esse é o motivo principal da crise que vivemos hoje. Sem políticas
públicas unificadas, em todas as esferas – federal, estadual e municipal –, se
torna inviável manter o que foi construído ao longo de anos”,
enfatiza Maria Abdalla.
Diante
de todas essas incertezas, muitos festivais brasileiros, de pequeno, médio
e grande portes, podem deixar de acontecer este ano. “Quando começamos com o
Goiânia Mostra Curtas, eram cerca de 40 festivais no Brasil inteiro. Com as
ações e políticas anteriores que possibilitaram a grande janela de produção,
captação e difusão de filmes, chegaram a ser até cerca 300 festivais. Hoje, com
os cortes de investimentos, percebe-se o desmonte do audiovisual. O número de
eventos de mostras e festivais de cinema tem reduzido drasticamente”, analisa.
Na
expectativa de que tudo se resolva, os recursos sejam pagos e os projetos
executados, Abdalla reafirma a expressiva influência que os festivais têm
nacionalmente. “No interior, na capital ou em qualquer região do Brasil, é
preciso lembrar que a realização de um festival tem um impacto importante na
valorização da cultura e na economia criativa, com capacitação de
profissionais, geração de renda e emprego, além de difusão do produto e
conteúdo audiovisual”, ressalta. O circuito nacional de festivais atrai,
atualmente, quase 3 milhões de espectadores por ano para esta que é considerada
uma vitrine natural e eficiente para a produção brasileira.
Goiânia
Mostra Curtas
Reconhecido
nacionalmente com uma das principais janelas de curtas-metragens do Brasil, o
Goiânia Mostra Curtas conta com a presença de cineastas, produtores,
distribuidores, exibidores e representantes do governo e de agências de
fomento. Mais do que a exibição de filmes, o objetivo é manter programação, com
lançamentos literários, debate, encontro com realizadores, laboratórios de
roteiros audiovisuais, painéis, masterclasses, oficinas e evento de network. No
entanto, são necessários parcerias e o efetivo cumprimento de políticas
públicas para viabilizar minimamente atividades paralelas ao Festival, que vem
contribuindo há duas décadas para o audiovisual goiano e brasileiro.
Premiação
As
produções inscritas serão premiadas pelo júri oficial do festival nas
categorias Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás e Curta Mostra
Animação. O público também poderá votar no filme preferido pelo voto
popular dentro de cada mostra, incluindo a 18ª Mostrinha.
Entre
os prêmios estão locação de equipamentos, cursos de formação audiovisual,
serviços de pós-produção, finalização, distribuição e prêmios de
aquisição. Os curtas-metragens da Mostra Brasil vão concorrer também ao
prêmio de Melhor Filme, que será escolhido pelo Júri SescTV. Já o Melhor Filme
das mostras será eleito pelo Júri Elo Company.
Além
dos prêmios cedidos pelos parceiros da indústria cinematográfica, todos os
curtas-metragens escolhidos pelos juris, incluindo o júri popular também
recebem o Troféu Icumam, criado pelo artista goiano Gilvan Cabral. A lista
completa da premiação está disponível no site do festival.
Serviço
Inscrições de filmes Goiânia Mostra Curtas
Prazo: até 4/07 (quinta-feira)
Onde: aqui
Filmes: ficção, documentários, experimentais e de animação temática livre