Auxiliares da educação especial do Sesc Cidadania participam de formação com especialista
Professor Rodrigo Peixoto de Abreu ministrou palestra para auxiliares da educação especial do Sesc Cidadania. Unidade teve agenda de celebração pelos 20 anos de atividades
Como parte da programação de celebração dos 20 anos
do Sesc Cidadania, na tarde de quarta-feira (27), o professor de Língua
Portuguesa, Rodrigo Peixoto de Abreu, realizou apresentação sobre educação
especial para cerca de 60 profissionais que atuam como auxiliares daquela
unidade. O Sesc Cidadania tem mais de 2.500 alunos, dos quais cerca de 300 alunos
são especiais.
Com mais de 20 anos em sala de aula e, atualmente,
atuando como especialista na gerência de educação do Departamento Nacional (DN)
do Sesc Brasil, Rodrigo Peixoto, abordou assuntos tais como modelos da
deficiência; paradigmas no trato das deficiências e seus reflexos; conceito de
deficiência; barreiras; tecnologia assistiva; princípio da educação inclusiva; papel
do mediador também reconhecido como profissional de apoio e auxiliar da
educação especial; função do auxiliar da educação especial; e acolhimento no
Sesc.
O educador destacou que o conceito de deficiência, com
base na legislação brasileira, considera pessoa com deficiência (PCD) “aquela
que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, a qual, em interação com uma ou mais barreiras pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas”. Dentre alguns exemplos de deficiências estão a auditiva,
física, intelectual, visual e múltipla.
A atuação das escolas Sesc é inclusiva e a prática é
manter as portas abertas para receber PCD, conforme Rodrigo Peixoto. “As
escolas Sesc no Brasil são conhecidas por ser escolas que recebem pessoas com
deficiência. Isso nos emociona, pois as famílias, muitas vezes passam por
muitas negativas em outras instituições. No Sesc temos o entendimento no Departamento
Nacional (DN) sobre qual seria a melhor estrutura física e operacional de cada
Departamento Regional (DR). Eles devem seguir a legislação e o DN apoia e
capacita educadores e auxiliares para educação inclusiva. Atendemos as demandas
e participamos de várias semanas pedagógicas em todo o país, para tratar deste
tema”.
Ele pontuou ainda os diferentes modelos de
deficiência que foram utilizados para estabelecer classificações, graus, serviços e
condições de acesso a diferentes espaços. “Como exemplos, relacionamos o caritativo
(deficiência como tragédia pessoal), o social (deficiência em ambiente hostil),
direitos humanos (deficiência e dignidade intrínseca) e o biopsicossocial (discussão
sobre retorno do biológico / psicológico)”.
As escolas que recebem PCD têm que ter equipes de
profissionais auxiliares na educação especial, conforme determina a legislação
brasileira. Esse foi mais um ponto apresentado pelo palestrante, que se baseou
no parágrafo 2º do decreto n 8.368/2014 e estabelece que, “caso seja
comprovada a necessidade de apoio às atividades de comunicação, interação
social, locomoção, alimentação e cuidados pessoais, a instituição de ensino em
que a pessoa com transtorno do espectro autista ou com outra deficiência
estiver matriculada disponibilizará acompanhante especializado no contexto
escolar”.
A presença desses profissionais (auxiliares de
educação especial) nas instituições de ensino se complementa pelo descrito no enunciado
22, da Comissão Permanente de Educação (Copeduc), onde textualmente determina
que, “a análise sobre a necessidade de oferta de profissional de apoio escolar
ou acompanhante especializado deve se dar na perspectiva do conceito social de
deficiência, preconizado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”.
Rodrigo Peixoto lembrou que entre as escolas Sesc,
o Cidadania foi a primeira unidade que solicitou ao Departamento Nacional uma
capacitação de auxiliares da educação especial. “Nossa primeira demanda para
fazer uma formação com os auxiliares foi aqui do Sesc Goiás. Enquanto os
professores têm formação em acessibilidade em educação, trabalham no
contraturno e aplicam ferramentas que ajudam o estudante a estar em sala de
aula, os auxiliares de educação especial são parte dessa estrutura e têm o
papel de acompanhar esse estudante. DN orienta e recomenda sobre a implantação
e a estruturação para receber alunos com deficiência e o DR decide como vai
implementar os serviços da educação inclusiva”.
Legislação
O processo da educação inclusiva acontece por meio
da educação especial, que é uma modalidade de ensino prevista da Constituição
Federal (CF) de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)
e legislações seguintes. Os alunos que fazem parte da educação especial, de
acordo com a LDBEN, são os estudantes com deficiência, Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD) e os têm altas habilidades ou superdotação.
O Brasil tem política estabelecida de inclusão
desses alunos, fundamentada em documentos tais como, Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU /
2006); Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, do
Ministério da Educação e Cultura (MEC / 2008); a lei 12.764/2012 que instituiu
a Política Nacional dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) e estabeleceu diretrizes e aplicações.
O MEC estabeleceu diretrizes nacionais do programa de
educação inclusiva e direito à diversidade para todas as instituições de
ensino no país. O programa promove a formação continuada de gestores e
educadores das redes estaduais e municipais de ensino para que sejam capazes de
oferecer educação especial na perspectiva da educação inclusiva.
Papo em Rede
Na primeira quinzena de novembro, o Sesc lançou o
podcast Papo em Rede promovendo debates sobre pautas essenciais para a educação
e a importância da atuação em rede. Rodrigo Peixoto e Aline Souza são os
apresentadores dos episódios
quinzenais. Os temas são bem diversos como educação inclusiva, empreendedorismo,
educação antirracista, rede educacional, dentre outros. O primeiro episódio
já foi ao ar e a conversa foi com o gerente de educação do Departamento
Nacional do Sesc, Luiz Fernando de Moraes Barros. A Rede Sesc de Educação reúne
mais de 200 escolas e atua com cerca de três mil educadores. O Papo em rede
está disponível no YouTube do Sesc e no spotify.