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Mostra de filmes destaca a produção audiovisual feminina feita no Centro-Oeste

Cine Ritz Sala Sesc recebe 20 filmes entre curtas e longas durante quatro dias


De 20 a 23 de junho, às 19 horas, no Cine Ritz Sala Sesc será realizada a mostra Águas Correntes: mulheres no Audiovisual do Centro-Oeste, que reúne vinte filmes, entre curtas e longas dirigidos por realizadoras dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. 

Durante os quatro dias de programação gratuita, o público terá a oportunidade de conhecer produções de ficção, animação e documentários que materializam o desejo de mulheres brancas, negras, indígenas e quilombolas de contar histórias, de assumir uma posição de poder que geralmente é atribuída aos homens. É nesse lugar de diretoras, que essas mulheres de diferentes origens e idades têm feito do cinema e do audiovisual campo de atuação profissional e de construção de novos imaginários. 

Buscando contemplar essa pluralidade de vozes, estilos e perspectivas, é que sob a curadoria da produtora Lidiana Reis e da professora Ceiça Ferreira, essa mostra traz obras de pioneiras em Goiás, Rosa Berardo, Claudia Nunes e Adriana Rodrigues (in memoriam) e Dácia Ibiapina, no Distrito Federal. Elas que abriram caminho, ousaram fazer cinema fora do eixo Rio-São Paulo ainda nos anos de 1980, acreditaram na importância da formação na área para uma maior participação feminina no mercado. 

Também integra a iniciativa, a produção daquelas que deram continuidade a esta jornada ou que mais recentemente assumiram esse papel de pioneirismo em outros estados, como Simone Caetano e Fabiana Assis, em Goiás; Juliana Capilé e Samantha Col Debella, em Mato Grosso; Marinete Pinheiro, em Mato Grosso do Sul; Edileuza Penha de Souza e Renata Diniz, no DF. 

Filmes dirigidos por realizadoras negras, indígenas e quilombolas lançados nas últimas décadas ou que ainda estão circulando festivais demonstram a força desse cinema feito por mulheres no centro do Brasil, que se caracteriza pela diversidade de formatos, narrativas, práticas e formas de representação, um cinema que se coloca como instrumento de transformação social dentro e fora das telas. 

A ficção A velhice ilumina o vento, de Juliana Segóvia (MT) destaca a altivez e a alegria de viver da protagonista Valda, uma mulher preta, idosa, periférica, trabalhadora doméstica da cidade de Cuiabá. Este filme é a primeira produção do Aquilombamento Audiovisual Quariterê, coletivo criado em 2017 que articula a inserção de profissionais negros, negras e indígenas na cadeia produtiva do audiovisual. O nome do coletivo homenageia o Quilombo do Quariterê (localizado na região de Vila Bela, primeira capital mato-grossense), que foi liderado por Teresa de Benguela. 

O documentário Me farei ouvir, de Bianca Novais e Flora Egécia (DF) problematiza a sub-representação feminina na política brasileira e por meio de entrevistas com a senadora Benedita da Silva, as deputadas federais Áurea Carolina e Joênia Wapichana, entre outras mulheres que são inspiração, este filme faz ecoar vozes femininas na tela e também em ações de estímulo para que mais mulheres possam atuar na política. 

Também o documentário Kuna Porã – Matriarcas Guarani e Kaiowá, dirigido por Fabiana Fernandes e Daniela Jorge João evidencia o ponto de vista de parteiras, rezadeiras, artesãs, agentes de saúde e professoras, mulheres que falam de seu cotidiano, de suas vivências pessoais, que utilizam o audiovisual para reivindicar seus direitos. 

Outra produção que também destaca os saberes femininos é Meada Cor Kalunga, dirigido por Marta Kalunga e Alcileia Torres, que são lideranças quilombolas e Analu Reis de Sá, jovem negrindígena da etnia Pataxó. O filme documenta o encontro, as conversas e a partilha de conhecimentos tradicionais de Marta Kalunga e Dirani Kalunga acerca da coleta de troncos de raízes do cerrado para o tingimento de tecidos no quilombo Vão de Almas, em Goiás. 

Com estes e outros filmes que serão exibidos na mostra Águas Correntes: mulheres no Audiovisual do Centro-Oeste, cineastas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal tem recebido prêmios e reconhecimentos em festivais nacionais e internacionais e principalmente, tem contribuído para a construção de uma nova história da produção audiovisual feminina na região. 

Livro e Mapeamento 

Essa mostra é a primeira atividade de um projeto mais amplo, que é a publicação do livro Águas Correntes - A Produção Audiovisual Feminina do Centro do Brasil, no segundo semestre de 2024. 

Como resultado dessa articulação entre os âmbitos da produção e da pesquisa, é que na abertura da mostra, dia 20 de junho, será lançado o Mapeamento de cineastas e roteiristas do Centro-Oeste do Brasil - 1º Edição, publicação digital que contempla ainda uma linha do tempo (da década de 1960 até 2023) com informações sobre o cinema e o audiovisual feito por mulheres nos três estados (GO, MT e MS) mais o Distrito Federal; e uma retrospectiva de roteiristas que participaram do Prêmio Cora.

Criado em 2020, por Lidiana Reis, o Prêmio Cora busca valorizar as mulheres roteiristas e diretoras do Centro-Oeste, incentivando a criação de projetos de curta-metragem, longa-metragem e séries de TV.

Serviço: 

Mostra Águas Correntes: mulheres no Audiovisual do Centro-Oeste

20 a 23 de junho, às 19 horas, no Cine Ritz Sala Sesc (Rua 8, n.501, Centro, Goiânia/GO).


PROGRAMAÇÃO:

  • Dia 20 de junho - início 19h 

Cordilheira de Amora

(MS – 12 min)

Filhas de lavadeiras

(DF – 22 min)

O teu, o meu, o nosso: Graça Graúna

(MT – 2 min)

A velhice ilumina o vento

(MT – 22 min)

Apenas me filme

(GO – 67 min)

 

  • Dia 21 de junho - Início 19h

Me farei ouvir

(DF – 30 min)

[homenagem] Gertrudes e seu home

(GO – 18 min)

Belkiss

(GO – 18 min)

Diaspóricas – Ventos em si

(GO – 20 min)

A dama do rasqueado

(MS – 75 min)

 

  • Dia 22 de junho - Início 19h 

Real Conquista

(GO – 14 min)

Farinha, festas e memórias

(MT – 13 min)

O Mistério da carne

(DF – 18 min)

Meada Cor Kalunga

(GO – 23 min)

Entorno da beleza

(DF – 70 min)

 

  • Dia 23 de junho - Início 19h 

A Infância de Aninha

(GO – 13 min)

O Menino e o Ovo

(MT – 12 min)

Kuna Porã

(MS – 23 min)

Véu de Amani

(DF – 15 min)

Beatriz vira folhas

(MT – 90 min)