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Fica 2021: veja como foi o primeiro dia do festival

Mesa de debate, oficinas e minicursos, com temáticas ambientais e de audiovisual, foram realizados durante toda terça-feira (14/12)


O primeiro dia do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica 2021) contou com atividades online e presenciais na cidade de Goiás. Esta é a 22° edição do evento, que neste ano conta com uma programação especial para homenagear o município pelos 20 anos do título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. 

As ações formativas abriram a programação do festival na manhã desta terça-feira (14). Em videoaula, a primeira oficina a acontecer foi do eixo de cinema. O laboratório de roteiro de documentários começou às 9 horas, em formato online, ministrado por Rafael Almeida. A atividade tem como objetivo proporcionar aos produtores e idealizadores a oportunidade de aperfeiçoar seus projetos de documentário em desenvolvimento.

A programação do laboratório trabalhará durante toda a semana um uma imersão que contempla um workshop (oficina exclusiva para participantes) e consultorias individuais (tutoriais e orientação de desenvolvimento de cada projeto). Serão abordados o ponto de vista, a estrutura narrativa e as estratégias de abordagem, com a intenção de identificar e potencializar a visão original de cada projeto.


Valor socioambiental do Cerrado

Ainda durante a manhã, ocorreu, presencialmente a mesa debate “Cerrado: patrimônio socioambiental do povo brasileiro”, no auditório da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Na oportunidade, a coordenadora da Comissão Pastoral da Terra e participante da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, Isolete Wichinieski, afirmou que a defesa do Cerrado é mais que uma obrigação da sociedade. "Defender o Cerrado é defender nosso direito institucional. Temos que lutar por essa preservação", disse.

Isolete falou sobre a falta de presença dos símbolos naturais do bioma em praças e na educação escolar de crianças. Para ela, o Cerrado fica esquecido porque não há um planejamento para elucidar seus elementos como patrimônios ambientais e socioculturais do país. 

Para o servidor Carlos de Melo E Silva Neto, do IFG, da cidade de Goias, o bioma sofre com exploração e degradação constante porque falta valorização por parte da sociedade e reconhecimento da presença do Cerrado no dia a dia.

Em sua fala, ele lembrou que a proteção do bioma não deve ser apenas de interesse de quem o estuda. "O enfrentamento também deve vir de quem consome do cerrado, de quem vive no cerrado", afirmou ele, defendendo a criação de novas unidades de conservação e estratégias de apoio aos agricultores para orientar um uso sustentável do ecossistema.


Saúde e plantas do Cerrado

A programação deste ano do Fica  buscou integrar mais a comunidade local, saudando a identidade e os patrimônios que fazem parte da história de Goiás. A oficina  "Cuidando da saúde com plantas do Cerrado" foi um exemplo disso. Ministrada pela moradora Maria Luiza da Silva, a atividade presencial foi marcada pela troca de conhecimentos entre gerações. 

Jovens e adultos tiveram a chance de conhecer mais da medicina popular feita com plantas do cerrado. Além de compartilhar seus saberes de forma teórica por meio de uma apresentação das principais ervas medicinais do bioma, como o guaco, transagem, cana de macaco e uxi amarelo, Dona Maria Luiza ofereceu também uma aula prática, onde ensinou como fazer o preparo de xaropes artesanais.


Gestão de resíduos sólidos

A oficina “Reciclatudo: vivenciando a gestão de resíduos sólidos” levou aos participantes a oportunidade de poder discutir e ver de perto como uma cooperativa, que trabalha com a coleta seletiva, pode mudar a realidade de vários trabalhadores e também de toda a população da cidade de Goiás com mudanças de hábitos.  

A cooperativa Recicla Tudo nasceu da iniciativa de catadores que trabalhavam no lixão da cidade. Hoje, ela emprega dezenas de trabalhadores que trabalham de forma igualitária, buscando a melhor gestão para os resíduos sólidos recolhidos. 

Durante a oficina, os cooperados puderam falar um pouco mais do seu trabalho, suas rotinas e quais são os pontos de melhorias que devem ser levados em consideração pelo poder público. Além disso, houve momento de debate sobre o que é uma economia solidária e os participantes tiveram a oportunidade e participar dos momentos da triagem dos materiais recicláveis coletados e observar a transforma da relação das pessoas com o lixo.


Agroecologia e alimentação

Em formato online, o minicurso “Agroecologia e alimentação no Cerrado” também teve destaque nesta terça-feira. Na ocasião, a ministrante Patrícia Dias Tavares falou sobre o papel da alimentação como necessidade básica e também como sintetizadora de diversas relações que perpassam todo o sistema alimentar.


Fica 2021

Promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás), com apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc), o evento continua até domingo, 19 de dezembro, encerrando com e show do músico Renato Teixeira. Foram investidos R$1,5 milhão pela gestão estadual e quase R$ 340 mil pelo Sesc Goiás. 

Neste ano, o formato acontece de forma híbrida: as oficinas e mesas de debate serão realizadas de forma presencial, enquanto as mostras cinematográficas e algumas apresentações artísticas estarão disponíveis nas plataformas digitais. Clique aqui e confira a programação completa.