Solidão no envelhecimento: desafios e possibilidades de superação
Quando os papéis se invertem e os pais precisam de cuidados e atenção
Com o passar dos anos, a vida muda e novos desafios surgem. Para muitos idosos, a solidão se torna uma realidade difícil de lidar. O ciclo da vida, com o crescimento dos filhos, a transição entre fases e a chegada da aposentadoria, pode gerar uma sensação de vazio e afastamento. Os filhos saem de casa, e muitas vezes formam suas próprias famílias, o que pode resultar em um distanciamento emocional e físico. A idade avança e, com ela, perdas importantes acontecem, como a partida de amigos e até mesmo a morte de um cônjuge.
A solidão na fase sênior é uma realidade que muitos idosos enfrentam, especialmente em um contexto em que a expectativa de vida aumentou consideravelmente nas últimas décadas. Nesse cenário, o Sesc tem se destacado com uma iniciativa muito importante: o Grupo Vida Plena. Este programa visa proporcionar às pessoas no envelhecimento uma oportunidade de resgatar e manter sua autonomia.
O Vida Plena é um espaço onde os idosos podem socializar e se sentir valorizados. Eles realizam diversas atividades, entre elas: reuniões sociais, atividades físicas (ginástica funcional, avaliações físicas e nutricionais). O programa conta com o atendimento de uma equipe multiprofissional, com acompanhamento de assistentes sociais, professores de educação física, avaliadores físicos e nutricionistas.
Geruza Alves é assistente social e gerontóloga, responsável pelo trabalho social com grupos do Sesc Faiçalville. De acordo com ela, “o Sesc, há mais de 20 anos, vem desenvolvendo o trabalho social, especificamente através dos grupos sociais com pessoas idosas, que é um espaço facilitador para a saída da solidão de muitos idosos e também para o encontro de diversas oportunidades de desenvolvimento social, exercício da cidadania, da autonomia, independência e construção de novas relações sociais e saberes.”
A senhora Vilma Teresinha Bernardo, de 70 anos, participa do grupo social de idosos do Sesc Faiçalville há dois anos e meio. Segundo dona Vilma, ela tem uma vida ativa, pratica musculação e faz aulas de funcional. Além das mudanças físicas, ela destaca que também melhorou no aspecto emocional. “Hoje, tenho uma vida completamente diferente de antes. Entrei com depressão, era uma pessoa que quase não me comunicava. Fiz muitas amizades e sinto o grupo como uma verdadeira família."
Vale lembrar que, atualmente, há uma inversão dos papéis naturais entre pais e filhos. Antigamente, os pais desempenhavam a função de cuidadores dos filhos. Hoje, muitos filhos se veem na posição de cuidadores de seus pais, especialmente quando estes atingem a idade avançada e começam a enfrentar limitações físicas ou cognitivas. Geruza lembra que uma das causas da solidão entre os idosos, é o abandono familiar, “os filhos vão constituindo suas famílias e não se atentam na responsabilização pelos seus pais, no cuidado, na atenção.”
Dona Vilma conta que, antes, morava com seu neto, mas ele se casou e ela acabou ficando sozinha. “Quando meu neto saiu de casa, sofri muito, fiquei depressiva e recorri ao psiquiatra. Mas hoje eu superei e, apesar de morar sozinha, não tenho esse problema de solidão. Gosto de escutar músicas, jogar no celular e praticar atividades físicas.” A senhora Vilma finaliza com uma mensagem para os que estão na fase de envelhecimento: “Venham fazer parte do nosso grupo! Eu amo o Sesc e amo a família que construímos!”, conclui.
O diretor regional do Sesc e Senac Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, falou da importância do grupo social do Sesc “o Vida Plena é um espaço de acolhimento, amizade e crescimento pessoal. E é com muito orgulho que o Sesc Goiás segue comprometido com a qualidade de vida e o bem-estar de todos os nossos participantes, proporcionando atividades que fazem a diferença na vida deles todos os dias.”
A importância de uma vida ativa no envelhecer
Mas como lidar com a chegada do envelhecimento de forma mais leve? O contato com amigos, a prática de exercícios físicos e a participação em atividades sociais têm um papel fundamental na diminuição da solidão entre os idosos. Segundo Geruza, o ponto crucial, é a aceitação do envelhecer. “É encarar a velhice como um ciclo natural da vida e ainda carregado de grandes e muitas oportunidades”, ressalta.
Além do Grupo Vida Plena, o Sesc oferece uma gama de atividades para as pessoas de todas as idades que queiram movimentar e preencher suas vidas: cursos, apresentações culturais, atividades esportivas, excursões, oficinas, teatro, entre outras.
Manter-se socialmente ativo é essencial para preservar a saúde mental e física. A solidão pode ser uma das maiores adversidades enfrentadas pelos idosos, e é justamente a interação social que contribui para reduzir esse isolamento, promovendo uma vida mais alegre e satisfatória.
Como participar
Para participar do Grupo Vida Plena, é necessário ter 60 anos ou mais, possuir a credencial Sesc e procurar o serviço social de uma das unidades. Assim, o nome será inserido na lista de espera e a pessoa será chamada conforme a disponibilidade das vagas.