
Publicado em 19/09/2025
O que nos torna fortes: a beleza de ser quem se é
- Assistência
21 de setembro é uma data para lembrar que inclusão se faz com escuta, acolhimento e respeito
Neste 21 de setembro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, data instituída pela Lei nº 11.133/2005, mas que carrega um histórico ainda mais antigo. Desde 1982, movimentos sociais organizados vêm denunciando a exclusão e lutando por igualdade, dignidade e inclusão.
A iniciativa nasceu do Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência (MDPD) e foi marcada por atos públicos, protestos e articulações em defesa da cidadania das pessoas com deficiência. Hoje, mais de 40 anos depois, a pauta ainda exige atenção. Segundo dados do IBGE, divulgados em 2025 com base no Censo de 2022, 14,4 milhões de pessoas com dois anos ou mais têm algum tipo de deficiência no Brasil. Isso representa 7,3% da população nessa faixa etária. O levantamento considerou cinco tipos de dificuldade funcional: visão, audição, locomoção, coordenação motora fina e comunicação ou cognição.
Mas, para além dos números, estão as histórias reais. Gente de carne e osso, com sonhos, medos e conquistas. No Sesc e no Senac Goiás, essas histórias ganham visibilidade e reconhecimento, como as de Daniella, William e tantos outros que transformam seus desafios em força.
Daniella Venâncio Calacanti tem encefalopatia crônica, uma condição neurológica que a acompanha desde pequena. Por trás do olhar calmo e da fala sincera, carrega uma trajetória de superação, preconceito e, hoje, acolhimento.
“No começo, eu queria só ficar em casa. Tinha medo. Trabalhava com a minha mãe, depois tentei em outros lugares. Foi difícil. Teve rejeição, risos, indiferença. Isso dói”, conta emocionada. Ela enfrentou a exclusão ainda na infância e, na adolescência, os desafios se intensificaram. “Eu não sou um erro”, afirma.
A mãe, , Marize Fernandes Cavalcanti, lembra do quanto foi doloroso lidar com o olhar da sociedade: “a gente sempre se preocupa com o futuro. Será que ela vai aprender? Será que vai conseguir trabalhar? E o preconceito? Era assustador. Ela sofreu muito,
especialmente na escola. Mas hoje, ela é outra. Mais madura, mais segura. Se aceita e se valoriza”, conta a mãe, muito orgulhosa.
A grande virada veio quando Daniella foi acolhida no Senac, onde atua como assistente administrativa, na unidade de Aparecida de Goiânia. Segundo ela, o ambiente de respeito e afeto fez toda a diferença: “Aqui, eu me sinto em casa. Me acolheram de verdade. Eu até esqueço das minhas dificuldades. A equipe é muito carinhosa. Me sinto capaz”, afirma.
Hoje, Daniella tem orgulho de sua trajetória. E deixa um recado firme: “Eu não sou o problema. Eu não vim errada. Eu sou capaz e estar ao redor de pessoas que me mostram isso diariamente faz toda a diferença”.
O assistente administrativo do Sesc, William Mion Moraes, é uma das vozes que reforçam o poder da inclusão quando ela é feita com empatia e responsabilidade. Ele começa dizendo: “limitação não define capacidade. Às vezes acham que eu não enxergo direito e, por isso, não sou capaz. Já ouvi muita coisa. Mas limitação não é sinônimo de incapacidade. Eu sei o que posso fazer”.
William destaca a importância da acessibilidade, especialmente no ambiente de trabalho. Para ele, a ausência de rampas, equipamentos adequados ou compreensão da equipe pode limitar mais do que a própria deficiência. “Sem acessibilidade, você não chega nem a mostrar quem você é. Mas quando a empresa acolhe, acredita e dá suporte, a gente mostra tudo que sabe”, pontua.
Além do apoio da família, ele ressalta o papel dos colegas de trabalho e líderes: “Tenho minha mãe, meu pai, minha chefe. Gente que acredita em mim, que me incentiva. Isso muda tudo”.
O papel do acolhimento é INDISPENSÁVEL, afinal a inclusão começa na escuta. No Sesc e no Senac, a inclusão não se limita ao cumprimento de cotas, ela acolhe, respeita e valoriza cada pessoa em sua individualidade. Existe o acompanhamento psicológico, adaptações e suporte emocional. Quem coordena esse trabalho é a psicóloga Fábia Cristina de Aragão Fernandes, à frente do Núcleo Acolher.
“A importância do acolhimento, do respeito e da oportunidade de trabalho para as pessoas com deficiência vai muito além de questões legais. Representa o reconhecimento do valor humano e profissional de cada indivíduo”, observa.
Fábia explica também que o Núcleo acompanha os funcionários PCDs desde o período de experiência, o que ajuda na redução do estresse, fortalecimento da autoestima e no ajuste às demandas organizacionais. “Quando a pessoa entende seu papel na empresa e se sente ouvida, ela consegue florescer. O acolhimento verdadeiro é o que cria espaços de pertencimento”, completa a coordenadora.
Da exclusão à conquista de direitos
A história da proteção social às pessoas com deficiência no Brasil remonta ao século XIX, ainda no período imperial. Mas, foi apenas a partir das décadas de 1970 e 1980, com o fortalecimento dos movimentos sociais, que a luta por direitos efetivos ganhou força, como educação de qualidade, acesso ao trabalho digno, mobilidade urbana, respeito e visibilidade se tornaram bandeiras essenciais.
Apesar dos avanços significativos, como leis de inclusão, políticas públicas e maior visibilidade da pauta, os desafios permanecem. Contudo, o cenário no Sesc e no Senac Goiás mostra que é possível fazer diferente.
Aqui, a inclusão é vivida na prática, com acolhimento, respeito, escuta ativa e investimento em adaptação e acessibilidade. O compromisso é com a transformação de vidas, com a valorização da diversidade humana e com a construção de ambientes que promovem o pertencimento.
Segundo o presidente do Sistema Fecomércio Sesc e Senac Goiás, e vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Marcelo Baiocchi Carneiro, essa é uma missão institucional: “A inclusão faz parte do nosso propósito. Quando abrimos espaço para a diversidade, enriquecemos nossos ambientes e aprendemos todos os dias. O Sesc e o Senac Goiás têm orgulho de promover uma cultura de acolhimento que ultrapassa as exigências legais e se concretiza em ações reais, com impacto direto na vida das pessoas”, afirma Baiocchi.
O diretor regional do Sesc e Senac Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, afirma que “A inclusão só é verdadeira quando acompanhada de escuta, adaptação e suporte contínuo. No Sesc e no Senac Goiás, nosso compromisso é com o desenvolvimento, com a permanência e com o bem-estar de cada colaborador e colaboradora com deficiência. Eles não estão aqui por obrigação, estão aqui porque são valorizados”. Essa visão é fortalecida diariamente pela gestão das unidades.
O Sesc e Senac fazem parte do Sistema Fecomércio Goiás, presidido por Marcelo Baiocchi Carneiro. Esse Sistema integra a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), liderada nacionalmente por José Roberto Tadros, uma instituição que articula, representa e impulsiona iniciativas de transformação social em todo o país.
Dessa forma, não apenas respondem à legislação eles moldam um novo olhar sobre o papel das instituições na inclusão de pessoas com deficiência, promovendo equidade, autonomia e dignidade como valores inegociáveis. Uma homenagem a quem resiste, transforma e inspira.
Neste 21 de setembro, o Sesc e o Senac Goiás homenageiam todas as pessoas com deficiência que lutam, dia após dia, por seu espaço no mundo. Pessoas como Daniella, William, seus familiares e profissionais que, com pequenas ações cotidianas, ajudam a construir uma sociedade mais justa, acolhedora e plural.
Porque ninguém é menos por ser diferente.
Porque toda vida tem valor.
Porque uma sociedade justa se mede pelo espaço que oferece a todos, com respeito, dignidade e amor.
“Eu não sou um erro. Eu sou capaz”. Que essas palavras ecoem como um lembrete coletivo.
No Sesc e no Senac, cada conquista é celebrada e cada história importa. Cada pessoa é única.
E a cada passo, fazemos questão de dizer: tenha orgulho de você.
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