
Publicado em 17/09/2025
Circuito Literário do Sesc Goiás apresentou a palestra ‘Sankofa – promovendo a equidade na escola com a literatura’
- Cultura
Palestrante foi o professor Edergênio Negreiros, na biblioteca do Sesc Centro. Ele destacou a importância da literatura na educação infantil e juvenil aliada ao resgate de ensinamentos ancestrais do continente africano
A palestra ‘Sankofa: promovendo a equidade na escola, através da literatura – o ontem, hoje e o amanhã’, com o professor Edergênio Negreiros, compôs a programação da terceira edição do Circuito Literário realizado pelo Sesc Goiás, na última sexta-feira (12), na sede da Biblioteca do Sesc Centro, em Goiânia (GO). Edergênio Negreiros é escritor e professor de língua portuguesa e literatura da rede de ensino de Anápolis (GO). O terceiro Circuito Literário aconteceu entre os dias 9 a 13 de setembro, nas unidades do Sesc na Capital (Centro, Campinas, Cidadania, Universitário) e as intervenções na Avenida 24 de Outubro com as Ruas Ipameri e Santa Luzia, no cruzamento das Avenidas Goiás e Anhanguera, na Livraria Palavrear e em escolas da rede de educação básica.
Para o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Goiás e vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Marcelo Baiocchi Carneiro, “chegamos na terceira edição do Circuito Literário, abrindo nossos espaços no Sesc e de parceiros. Atuamos para que o Circuito Literário seja mais uma agenda cultural para o público que busca acompanhar e conhecer os livros e autores goianos e de outros estados, que são referenciais na arte e na literatura nacional”.
Segundo o diretor regional do Sesc e Senac Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, “nossas equipes do Sesc Goiás se empenharam de forma a atender nossos credenciados e a sociedade em geral com o que há de melhor na literatura de Goiás e do país. A cada edição, homenageamos um escritor goiano, e nessa edição, o homenageado foi Luiz de Aquino, membro da Academia Goiana de Letras, e que tem seu trabalho reconhecido dentro e fora de Goiás”.
O palestrante agradeceu pela oportunidade em participar desta edição do Circuito Literário. “Quero dizer da satisfação e do orgulho de participar desse terceiro Circuito Literário promovido pelo Sesc Goiás, que nesse ano, homenageou uma pessoa tão importante para o cenário da literatura e das artes goianas, que é o Luiz de Aquino. O Sesc está de parabéns. Nós trouxemos a proposta de uma roda de conversa, muito fiel às tradições afro-centradas e ameríndias, que propõem essa ideia da circularidade. Sankofa é um pássaro que tem o seu tronco virado para frente e o bico voltado para trás, para trazer a ideia de pegar no passado as nossas referências, as nossas ancestralidades e poder projetar no presente, um futuro melhor para todos”, explicou Edergênio Negreiros.
Sobre a produção literária em Goiás e no Brasil, no que diz respeito à valorização da ancestralidade, professor Edergênio avaliou que, “hoje não temos muitos escritores e escritoras trabalhando com o afro-futurismo. Temos a escritora Octavia E. Butler, com um livro maravilhoso que eu recomendo, que é ‘A Parábola do Semeador’, discutindo questões como emergência climática, governos autocráticos, questões do contemporâneo e projetando exatamente esse futuro. Poderia lembrar, por exemplo, do grande crítico literário Antônio Cândido, que fala da literatura como um direito. Assim como nós temos direito à moradia, a literatura também é um direito. E aí o Sesc, nesse sentido, cumpre o seu papel social, no sentido de garantir que haja esse processo de popularização da literatura. Ou seja, que a literatura possa chegar a cada vez mais lugares, especialmente nesse mundo que nós estamos vivendo, onde os excessos de tela tomam conta da nossa juventude”.
“Porém” continuou o escritor, “sankofa nos remete também a uma tradição de contação de história do continente africano, onde estão os mestres griôs. Eles são pessoas que contam histórias e ser griô, no contexto africano, é uma profissão de fé e uma relação com a própria simbiose da nossa existência aqui nesse plano. A nossa expectativa é beber dessas fontes do continente africano e ameríndias. E nós trazemos essas tradições. Às vezes isso vai se perdendo, mas as cantigas de ninar, as conversas ao pé do ouvido são elementos advindos dessas tradições. Nós buscamos essa referência no passado para pensar a literatura no presente e projetar o futuro e nós entendemos a literatura com esse papel social, de cumprir sua função e de provocar no ser humano a reflexão”.
Em sala de aula, como educador, pesquisador e estudioso, Edergênio Negreiros afirmou que, “eu sou um professor de sala de aula e efetivo da rede municipal de ensino de Anápolis (GO). Eu sempre busco promover esse gosto para a literatura. Trabalho muito essa questão da literatura para despertar nos nossos estudantes a paixão pela literatura. Mostramos a eles, por exemplo, toda a potência de uma escrita de um Lima Barreto, com o seu ‘Clara dos Anjos’ e com tantos outros livros que compõem a cena literária nacional”.
Ainda sobre o movimento de resgate da literatura afrodescendente, Edergênio ressaltou que tem acontecido um movimento latente no resgate da ancestralidade afro-cultural, que ultrapassa a literatura e alcança as artes plásticas, a moda, o cinema, a fotografia, e tantas outras formas de arte.
“Eu acredito que tudo está conectado nesse universo e nada é por acaso. Os ventos que sopram em Nova York, no continente africano e aqui no nosso cerrado, como exemplo tão atual, a produção artística de Dalton Paula, do Ateliê Sertão Negro, e nós, que estamos nesse sertão. E o sertão sempre foi carregado desse olhar exótico, eurocêntrico, estereotipado. O sertão também é arte e aí eu lembro de Euclides da Cunha, que o sertanejo é, antes de tudo, um forte. Que depois do Dalton Paula venham outros e outras, e que continuem bebendo de sankofa, pensando o ontem, o hoje e o amanhã para as nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos no Brasil”, completou o mestre.
Professor e escritor Edergênio Negreiros é doutorando em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em educação, linguagens e tecnologias pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), especialista em história, cultura africana e afro-brasileira e educação das relações étnico-raciais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), especialista em linguagem e educação escolar e graduado em pedagogia e em letras pela UEG.
Edergênio Negreiros é pai de uma menina de seis anos e dois meninos, de 13 e 18 anos, que juntos com seus familiares foram fontes de inspiração para escrever sete livros, publicados pela editora Inteligência Educacional. Seus livros fazem parte da Coleção Afroletramento, voltadas para alunos do Ensino Fundamental I e II. Os títulos são: ‘Tem gente de todo jeito’; ‘Na horta da vovó Lina’; ‘O menino que escrevia na parede’; ‘Africalidades’; ‘Abidemi: a força da superação’; ‘Dandara: muito além dos Palmares’; e ‘Memórias de Nanã’.
O Sesc Goiás é uma instituição do Sistema Fecomércio Sesc Senac, que tem por presidente Marcelo Baiocchi Carneiro. O Sistema integra a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), presidida por José Roberto Tadros.
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