Publicado em 15/09/2025
Escritor e poeta Sérgio Vaz participa do Circuito Literário do Sesc Goiás
O encontro gratuito aproximou leitores em Goiânia e trouxe reflexões sobre literatura, cultura periférica e transformação social
O escritor e poeta Sérgio Vaz recebeu, na noite de sexta-feira (12), na livraria Palavrear, em Goiânia, leitores de todas as idades em um bate-papo descontraído sobre sua trajetória e obras. O encontro, mediado pela educadora Bel Lemos, integra a programação do 3º Circuito Literário do Sesc Goiás, realizado entre os dias 9 e 13 de setembro, com oficinas, rodas de conversa, encontros com escritores e diversas ações de incentivo à leitura que movimentaram Goiânia .
Nascido em Minas Gerais e criado em Taboão da Serra (SP), Sérgio Vaz é há mais de 30 anos um dos principais nomes da poesia brasileira contemporânea e da literatura periférica. Em 2001, foi um dos fundadores da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia), considerada um dos mais importantes movimentos literários do Brasil, além de ter idealizado o Sarau da Cooperifa, referência nacional em poesia oral e comunitária. Também esteve à frente da Semana de Arte Moderna da Periferia, em 2007, evento que deu ainda mais visibilidade à produção cultural das quebradas.
Sua trajetória é marcada por uma infância simples, conciliando estudos na rede pública com o trabalho. Estreou como poeta em 1988, com a obra Subindo a Ladeira Mora a Noite, publicada de forma independente. Desde então, já lançou 10 livros, entre eles Colecionador de Pedras (2007), seu primeiro título publicado por uma editora.
Durante o encontro, Sérgio Vaz destacou a influência de seu pai e da música em sua formação artística. “Meu pai foi meu grande inspirador. Ele era um leitor assíduo, e eu acabei imitando esse hábito. Foi assim que descobri minha paixão pelos livros. Mais tarde, a música também me influenciou muito: Belchior, Bob Marley, o rap e a arte de rua foram grandes referências”, contou o escritor.
Considerado o “poeta da periferia”, Sérgio defende a poesia como instrumento de transformação social. “As pessoas leem pouco e querem tudo muito rápido. Nesse contexto, a poesia ganha força porque é instantânea, direta e acessível. Os saraus, por exemplo, revolucionaram a poesia brasileira, aproximando-a das comunidades e mostrando que todos têm voz”, afirmou.
Ele elogiou a iniciativa do Sesc Goiás ao promover o Circuito Literário em diferentes espaços, como livrarias e bibliotecas. “A biblioteca é o pronto-socorro da alma. Estar aqui, entre os livros e com o público tão próximo, é como estar em casa. Essa é uma iniciativa que deveria ser replicada em todo o Brasil”, completou.
A médica Adriana Crispim e o escritor Renato César, fundadores do grupo literário Goiabeiras, também participaram do encontro. Criado há dois anos, o grupo se reúne mensalmente em Goiânia para discutir obras literárias de forma acessível e afetiva, aproximando a poesia do cotidiano das pessoas.
Segundo eles, a obra de Sérgio Vaz já foi tema de estudo no grupo e causou grande impacto nos participantes. “A poesia dele provoca identificação imediata no leitor. As pessoas se reconhecem nas histórias que ele conta, sentem que ele traduz o dia a dia das ruas e das comunidades em palavras. Isso aproxima a voz das pessoas comuns da literatura, e esse movimento é transformador”, afirmou Renato César.
Adriana Crispim acrescenta que a poesia não exige entendimento técnico, mas se manifesta como experiência sensível e coletiva: “A poesia não tem compromisso com o entendimento racional, ela é sentida no corpo, nas sensações. No nosso grupo, temos pessoas de diferentes idades e níveis de letramento, algumas sem familiaridade com a língua literária. Ainda assim, todas se conectam à poesia pela musicalidade, pela oralidade e pela troca afetiva que ela proporciona. Isso mostra que a literatura é inclusiva e diversa.”
Ela também ressaltou a relevância da presença de Sérgio Vaz em escolas e espaços comunitários. “Ele é maravilhoso. O trabalho que desenvolve em escolas públicas, promovendo recitais e rodas de conversa, é essencial para a formação de leitores. Sérgio é uma das vozes mais potentes da literatura periférica, promovendo cultura oral, pertencimento e cidadania através da poesia”, concluiu.
O presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, ressaltou a importância do Circuito Literário como ferramenta de democratização do acesso à cultura: “Trazer um nome como Sérgio Vaz para Goiás é valorizar a literatura que nasce das ruas, das comunidades, e mostrar que a arte é capaz de transformar realidades. Esse circuito reforça o compromisso do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac em fomentar a leitura e aproximar escritores do público goiano.”
Já o diretor regional do Sesc Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, destacou o impacto do projeto na formação de leitores: “O Circuito Literário do Sesc é um convite ao encontro com a palavra. Promover bate-papos, oficinas e saraus em diferentes cidades amplia o alcance da literatura e fortalece a cultura local. Receber Sérgio Vaz foi um privilégio, pois sua obra inspira, emociona e conecta gerações por meio da poesia.”
O Sesc é uma instituição do Sistema Fecomércio, Sesc e Senac, que tem por presidente Marcelo Baiocchi Carneiro. O Sistema integra a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), presidida por José Roberto Tadros.